Silvia Beatriz Machado

Quem é você?

Meu nome é Silvia Beatriz Machado e tenho 47 anos. Sou uma criatura emocional e social. Amo tudo que tem/teve vida. Escrevo, leio. Escuto. Converso. Erro e me perdoo. 

Você é advogada de formação, já foi astróloga, dançarina de tango e agora escritora. Como consegue se reinventar?

Acho que o primeiro passo para se reinventar é se escutar. Durante muito tempo as minhas emoções me possuíam e me destruíam aos poucos. Eu não conseguia criar com facilidade. Quando me permiti expressar os sentimentos, a criatividade brotou de forma natural. Acho que aquelas emoções destrutivas me ajudaram a me tornar escritora.

Hoje em dia, há sentimentos que não consigo transformar em palavras, o que é frustrante para uma escritora. Diante dessa angústia, comecei a aprender a desenhar. Acho que esses sentimentos queriam ser vistos. 

Acredito que todas as pessoas são criativas. Se a criatividade delas não se manifestou ainda, significa que as vozes/emoções não estão sendo ouvidas.

Fotografada por uma amiga na rua, tirando a máscara do bolso.

Para você, o que significa sentir-se bonita?

Aprendi a gostar das partes do meu corpo que eu não gostava antes (de ser mãe), depois que pari. Cada parte mostrou o poder contido ali. Fiquei impressionada com a inteligência do corpo. Acho que foi quando compreendi, de verdade, a expressão: “o corpo é o templo da alma”. Agora adoro meus seios murchos, umbigo saltado, barriguinha saliente, pernas com varizes e usar biquíni..

Como nutre a sua autoestima?

Eu me escuto. Escrevo sobre o que sinto e me perdoo, antes de começar a me punir. Não foi sempre assim. Houve uma época que eu tinha uma faca mental. Era tudo difícil. Com o tempo, com a experiência de vida, baixei a guarda e faço uso do perdão. Eu me perdoo quando brigo com as minha filhas, ou quando digo coisas que não queria dizer para o meu marido, ou para quem quer que seja. 

Você tem o hábito de escrever coisas que seu coração gostaria de ouvir num diário…

Começo aceitando o que sinto. “Silvia, é natural sentir medo. Você não precisa esconder ou fingir nada. Silvia, você não está sozinha. Eu amo você. A sua família e seus amigos amam você…”

Silvia Beatriz Machado

Você já viveu em diferentes lugares no mundo. De onde vem essa coragem?

Gosto de diversidade. Acho que somos múltiplos e nos vemos uns nos outros. Ver e ouvir o outro é uma necessidade para mim. Acho que é como eu aprendo.

Já desejou ter outra vida, nem que por 1 minuto?

Amo a vida que tenho, mesmo na dor. Mas se me fosse dado a possibilidade de ser outra pessoa, eu adoraria ser a Hildegard von Bingen ou a Madre Teresa, porque elas tinham a compaixão como fundamento de vida e serviram a humanidade. 

De que forma você espera que seu livro “Gestação aos 40” contribua com outras mulheres? 

Plantei uma semente no meu livro, para fazer brotar nas leitoras a vontade de contar/escrever a própria história. 

“Gestação aos 40: medo, reflexão, empoderamento.” No livro, Silvia fala sobre a experiência de ser mãe aos 40 anos.

O que é mais desafiador na maternidae? E o que é mais surpreendente?

Desafiador: transformar a vida ordinária em extraordinária.

Surpreendente: gostar de parir. Agora entendo aquelas mulheres que tinha/têm 12 filhos.

Com tantas experiências diferentes vividas, o que você compartilharia com suas filhas? 

Aprender a se ouvir. 

Qual sua ideia de felicidade?

Adoro estar com as minhas filhas e ter um tempo só com o meu marido. Conversar com uma amiga ou dançar tango. Também adoro estar comigo, escrevendo, lendo, caminhando, lidando com a minha comunidade mental, para, então, reconhecer a minha própria voz. 

Defina 2020 em uma frase. E crie outra frase que expresse 

2020: O ano para ouvir e enxergar o outro, por mais diferente que ele pareça. 

2021: Um ano de contar e ouvir novas histórias. 

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