Mônica Demes

Quando pequena ela sonhava em ser uma vampira e via filmes de terror escondida dos pais. Acabou se tornando uma cineasta de filme de terror, e acredita que sua maior contribuição é levar o ponto de vista feminino para as telas.

Quem é você?

Sou Mônica Demes, tenho 47 anos e sou cineasta.

Já desejou ser outra pessoa?

Quando era pequena sonhava em ser uma vampira. Voar pelas noites mordendo pescoços bonitos debaixo da luz das estrelas.

Quando você se olha no espelho, o que vê?

Uma mulher. Às vezes tenho 1.000 anos, e às vezes 5. Adoro sonhar.

Mônica Demes, no set de filmagem. “O que mais me marcou, na minha existência, foi ser mulher.”

Como você decidiu se tornar cineasta de filmes de terror?

Desde que tinha 5 anos me trancava com minha avó de noite vendo todos os filmes que meus pais me proibiam. O medo me fascina. Escrever e dirigir filmes de terror foi o caminho natural pra mim.

Seus filmes trazem protagonistas femininas e um olhar feminista para a trama…

O que mais me marcou, na minha existência, foi ser mulher. Isso condicionou meus medos e meus desejos e me moldou. Na América Latina, todos nascemos numa sociedade patriarcal. Minha maior contribuição ao cinema desde um ponto de vista narrativo é levar nosso ponto de vista para a tela.

Quando vou escolher um filme para ver costumo olhar se no cartaz tem alguma mulher. Porque sei que, se tiver, existe a possibilidade que nosso ponto de vista esteja ali representado. E isso me interessa. Ter voz. Conversar. Trocar.

Quando minha avó nasceu, as mulheres não podiam votar. Até 30 anos atrás, você contava nos dedos as mulheres contadoras de estórias. É saudável para homens e mulheres que a balança se equilibre. E ainda falta. O feminismo nada mais é que a luta por um mundo onde homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades e direitos.

Na sua formação acadêmica, você foi orientada pelo diretor e roteirista americano David Lynch. Como foi essa experiência?

O Lynch é um guru e um gênio. Foi um privilégio encontrar com ele pelo caminho. O maior aprendizado que ele me deixou foi entender que um artista que não se expõe é tão interessante como uma parede.

Em termos de instrumentos, também aprendi a criar de uma maneira mais conectada com o inconsciente, mais livre, mais ousada. 

“Mas quando preciso me sentir bem, fujo pro mato.” – Mônica Demes.

Do que você mais sente medo?

Do que eu desejo. De não conseguir o que desejo. Meus medos e desejos estão conectados. 

De que forma a pandemia impactou a sua rotina?

Eu passei os últimos 20 anos vivendo entre mundos, viajando sem parar. Nos últimos cinco anos, morei em três continentes. A pandemia me fez estabelecer minhas raízes no Brasil e ter tempo pra minha família. Mas quando preciso me sentir bem, fujo para o mato.

E quando não dá para escapar, olho para as estrelas à noite, do meu apartamento, antes de dormir. Me faz um bem danado, pois é quando não tenho limites.

E a outra coisa que faço sempre e me liberta, com ou sem pandemia, é meditar. Pratico meditação transcendental duas vezes por dia há nove anos. Faz toda diferença.

Como cliente número 1 da RoupaInterior, qual é a sua dica de autocuidado para se sentir bem consigo mesma? 

Sei que é estranho, mas o que me faz sentir confortável na minha pele é acariciar o meu gato. Quando estou nervosa ou ansiosa tudo passa com ele. Dizem que os felinos têm umas substâncias no seus bigodes que nos dopam e nos tranquilizam, uma espécie de hormônio que nos coloca em harmonia com eles e com o Universo. Acho que eles ativam nosso lado animal em detrimento da razão. E isso nos faz tão bem… 

Se 2021 fosse um filme, qual final você desejaria para ele?

Se fosse um filme de terror, seríamos exterminados pelo vírus e a natureza voltaria a reinar no planeta, sem seu maior depredador. Mas o final que eu queria mesmo é que as pessoas boas deixassem de morrer e o bom senso voltasse ao mundo. 

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