Sílvia Amélia Bim

Com livros sobre Ada Lovelace e aulas de computação, Sílvia trabalha para despertar o interesse de meninas e mulheres pela tecnologia.

Quem é você?

Sou Sílvia Amélia Bim, tenho 43 anos e sou professora universitária atuando em cursos da área de Computação. Sou casada e tenho um filho de 3 anos. Autora de livros infantis, pesquisadora (em temas como Interação Humano-Computador, Educação em Computação e Gênero e Computação), extensionista (coordeno e realizo ações de extensão com a comunidade interna e externa à universidade), palestrante… 

Você escreveu dois livros infantis sobre Ada Lovelace. Qual foi a sua motivação?

A grande motivação foi a experiência na coordenação do Programa Meninas Digitais*. Identificamos que precisamos compartilhar exemplos inspiradores de mulheres, cada vez mais cedo, com o público infantil, e também com um público mais amplo, envolvendo as famílias.

Nos livros, procurei trazer fatos da vida de Ada que poderiam se aproximar das meninas brasileiras: a influência da família nas nossas escolhas e atuações profissionais, a relação com sua gata de estimação, a criatividade presente desde as brincadeiras da infância, e a possibilidade de parceria entre mulheres e homens em busca de inovação.

Ouvi de uma professora, em uma sessão de autógrafos do livro, o seguinte comentário: “A Ada teve 3 filhos? E conseguiu produzir? Eu tenho 3 filhos! Também vou conseguir!”

*o programa tem como missão de despertar o interesse das meninas para a área de tecnologia, e alcançar uma equidade de gêneros.

Sílvia Amélia Bim (@silviaameliabim)

Quais as ações desenvolvidas pelo Programa Meninas Digitais?

O Programa tem hoje mais de 100 projetos parceiros, e é realizado por todo o Brasil. A maioria são projetos de extensão universitária, realizados em escolas públicas. São cursos de formação sobre inúmeros temas (tecnologia, gênero, raça, atuação no mercado de trabalho), palestras com mulheres que atuam na Computação em diferentes áreas, rodas de conversa, oficinas práticas, exposições artísticas.

Se tivermos equipes com diversidade (de gênero, raça, cultura, geração), teremos mais olhares para um mesmo problema e mais chances de desenvolvermos produtos que realmente contemplem as demandas das pessoas e da sociedade.

Como você acredita que as pessoas podem tirar proveito da Computação, mesmo atuando em diferentes áreas?

A Computação é o meio. A Computação está em inúmeros aspectos da vida das pessoas e traz oportunidades de articulação entre diferentes áreas.

Se você enxerga que a Computação poderia melhorar o dia a dia de uma pessoa, por exemplo, na comunicação de pacientes em isolamento com a sua família, pode desenvolver uma proposta para dar mais qualidade de vida durante o tratamento desta pessoa.

“A Vida de Ada Lovelace”, livro infantil publicado em 2018. Em 2019, Sílvia publicou “Ada, a Condessa Curiosa”, outro livro infantil, também sobre Ada Lovelace.

Você assumiu os cabelos grisalhos. Quando e por que tomou essa decisão?

Aconteceu 3 meses depois do retorno da licença maternidade, aos 41 anos de idade. Ficar 2 ou 3 horas no salão de beleza para tingir os cabelos significava 2 ou 3 horas a cada 20 dias sem o meu filho. Era uma preocupação a mais numa lista imensa de demandas. Isto não era prioridade. 

Tive muita sorte! Gostei da minha aparência com cabelos grisalhos! E eles são legais comigo, estão distribuídos de tal forma que tem gente que acha que crio este efeito no salão. Não vou negar, a aceitação da sociedade é relevante também. E como a aceitação foi muito maior do que os questionamentos, estou muito feliz e segura com a minha escolha.

Quando você se olha no espelho, o que vê?

Vejo uma mulher saudável, que sorriu e sorri muito! E esses sorrisos estão todos marcados ao redor dos olhos.

O que te inspira?

A leveza, o otimismo, a criatividade e o bom humor! Na família, na profissão, na vida social. Admiro muito as pessoas que tem leveza para lidar com a vida. Que encaram as situações com otimismo realista, não um otimismo romântico e alienado. Admiro os comportamentos e soluções criativas que pessoas de diferentes perfis criam.

E o bom humor, ah, o bom humor! Como é inspirador ver o bom humor trazendo leveza… e a leveza abrindo caminho para o otimismo e a criatividade. Agora que me dei conta. O ciclo fecha! Mas poderia ser uma espiral também.

Palestrando no “Petiscos de Ciências”, evento da Universidade Tecnológica do Paraná, em setembro de 2020.

Qual seu desejo de inovação tecnológica para 2021?

Um identificador automático preventivo de fake news. Quando a pessoa for enviar uma fake news, aquela pessoa (ou sistema implementado por uma pessoa, ou grupo de pessoas) que é a fonte da fake news, o sistema já identificaria que é fake news, impediria o envio, denunciaria a pessoa para os orgãos competentes e a conta da pessoa seria imediatamente bloqueada. 

Sem fake news o desafio da sociedade seria lidar com as verdades e a responsabilidade de cada pessoa seria muito maior. Inovação tecnológica ou utopia? 

Para você, o que é felicidade?

Estar em paz com a vida e comigo mesma!

Felicidade é um mosaico de diferentes elementos: saúde, segurança, tempo. Se você tem saúde, física e mental, você consegue observar as belezas da vida e isto te traz felicidade. Se você tem segurança em diferentes aspectos, emocional (com relações saudáveis), financeiro (com estabilidade de emprego), social (com ambientes seguros), você caminha livre e feliz pela vida. E com saúde e segurança você tem condições de administrar o tempo e criar momentos de plena presença, e isto traz felicidade.

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